terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Economia Cafeeira Escravista - Ascensão e Queda do Uso de Escravos na Lavoura

Início da produção cafeeira no Brasil (com uso extensivo de mão de obra africana escrava): O café começou a ser cultivado no Brasil durante o século XVIII, para fim de subsistência e com difusão limitada no teritório. No século XIX, com a independência do Haiti (que prejudicou a produção de café no país caribenho) e a forte competição oferecida à produção canavieira do Brasil pelas Antilhas, o café passou a ser cultivado para a exportação, principalmente em regiões próximas ao Rio de Janeiro, em decorrência da proximidade com os portos (e aduana), da disponibilidade de crédito, de mão-de-obra e de terras. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e a Europa ofereciam um mercado consumidor que possibilitava a atividade. 

Dados decisivos para a produção no Vale do Paraíba: as primeiras regiões produtoras de café em larga escala para exportação no Brasil foram em áreas próximas ao Rio de Janeiro (e/no que é o atual estado do Rio de Janeiro), com destaque para o Vale do Paraíba. A região apresentava condições climáticas favoráveis para a cultura, bem como terras em abundância, que ainda se encontravam sob a distribuição feita através do sistema de "sesmarias", no qual a região plantada consistia em grandes extensões de terra pertencentes ao Estado que eram distribuídas aos fazendeiros, sem que houvesse formalmente a propriedade privada das terras (ou seja, o território cultivado pelo fazendeiro não possuía valor comercial, não poderia ser vendido pelo produtor). 

Ao mesmo tempo, a região contava com abundância de mão-de-obra escrava, que também havia sido empregada na cultura canavieira. Das regiões em que hoje ficam os estados de Goiás e Minas Gerais (até mesmo da Bahia),  escravos foram trazidos, inclusive de onde  praticava-se a mineraçãono nos séculos XVIII e início do XIX, até que as medidas de controle e extinção do comércio de escravos tornaram este uso de força de trabalho inviável, ao menos na escala em que fora empregado nos primeiros anos de 1900. 

Outros dois fatores decisivos para a implementação da cultura cafeeira no Vale do Paraíba foram a proximidade da região portuária (que facilitava o escoamento dos grãos, que era feito com uso de animais de carga, como mulas) e a disponibilidade de crédito, através das casas comissárias. O fato de não haver ainda meios de produção típicos da revolução industrial em franca ascensão no Brasil não impossibilitou de forma alguma a produção do café, uma vez que os métodos empregados neste cultivo e exportação eram significativamente rudimentares. 

Os fatores que se mostraram decisivos para a decadência da cultura cafeeira no Vale do Paraíba:

Os fatores que levaram à decadência da cultura cafeeira no Vale do Paraíba estão diretamente relacionados com os mesmos fatores que propiciaram sua ascensão. Em primeiro lugar, as mesmas técnicas rudimentares de cultivo provocaram notória erosão no solo onde o café era cultivado, de sorte que gradualmente todo o processo se tornou inviável. O cultivo era, por exemplo, feito em encostas, sem quaisquer cuidados para que fossem impedidos deslizamentos, formação de ravinas e processos de erosão similares. Ao mesmo tempo, ao longo do século XIX, houve pressões para que o comércio de escravos tivesse fim, promovidas principalmente pela Inglaterra, que já vivia a revolução industrial e favorecia o emprego de mão-de-obra assalariada (notória por permitir a formação de mercado consumidor). Regulamentações como a lei Eusébio de Queiroz, de 1850, tornaram, gradualmente, o uso deste tipo de força de trabalho algo inviável, do ponto de vista econômico, dado que elevaram em demasia os custos relacionados à aquisição de escravos para a produção de café.

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