quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Política e Economia na Era Vargas - Ascensão dos Direitos Trabalhistas

Contexto Histórico

A economia brasileira nos anos anteriores ao primeiro governo de Getúlio Vargas era caracterizada pelo foco na exportação cafeeira, e ainda estava apenas nos estágios iniciais do processo de industrialização (que foi impulsionado, em grande medida, durante a década de 1930, após a revolução, que marcaria o fim da política do café com leite). Como foi discutido em aulas e trabalhos anteriores, o processo de imigração contribuiu com a chegada de técnicas de produção que favoreceram o início da industrialização brasileira, bem como com a chegada de ideologias que passariam a marcar o quadro político do país: Prestes, por exemplo, adotaria a ideologia comunista em 1928, enquanto Vargas passaria a nutrir simpatia pelas ideologias fascistas europeias (inclusive adotando o nome do modelo de Estado do fascismo português para seu projeto brasileiro - "Estado Novo" -, assim como medidas trabalhistas inspiradas no "Estado social" do fascismo italiano, modelando a CLT com base na "Carta del Lavoro"). Essa confluência de ideias, bem como a disputa de outras elites nacionais (anteriormente jogadas em papéis coadjuvantes pelas elites de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), a ascensão do proletariado, das classes médias, dos movimentos tenentistas iria forjar o quadro político identificado no Brasil na terceira década do século XX. 

Aspectos políticos importantes da Era Vargas 

Como já dito, o primeiro governo Vargas foi caracterizado por uma aproximação ideológica com os movimentos fascistas, que resultaram na adoção de políticas autoritárias, incluindo um forte culto à personalidade promovido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda - a década de 1930 foi a década do Duce, do Führer e do Vozhd, os líderes dos sistemas totalitários que em grande medida inspirariam os sistemas de propaganda e organizações de massa seguidos em regimes dos mais variados campos políticos. Vargas criou seu próprio sistema de culto à personalidade e nos seus primeiros anos de governo chegou a permitir a atuação de um movimento político similar ao fascismo em território brasileiro – o integralismo, ou os "camisas-verdes", que, assim como os fascistas italianos ou os nacional-socialistas alemães, faziam a saudação romana. Vargas também promoveu a industrialização brasileira, adotou o nacionalismo econômico e promoveu forte perseguição aos movimentos operários e comunistas, reprimindo com violência a chamada "intentona comunista" em 1936. Vale observar que o regime de Vargas não estava sozinho neste conjunto de orientações políticas: o regime ditatorial argentino da mesma época também promoveu violenta repressão do movimento comunista, seguiu políticas econômicas similares (nacionalistas, com ênfase na industrialização) e chegou até mesmo a abrigar nazistas que fugiram da Europa após o colapso do terceiro reich – a Argentina só declararia guerra à Alemanha nacional-socialista em 1945. A ditadura de Getúlio Vargas foi relativamente mais brutal do que muitos regimes que o Brasil tinha visto até então: apenas em 1935, no episódio da intentona comunista, prendeu entre 7.000 e 15.000 inimigos políticos (como discutido em artigo de Petrônio Domingues, doutor em História pela USP, página 147). 

Aspectos econômicos importantes da Era Vargas 

Apesar da grande violência de sua ditadura, Getúlio Vargas promoveu a industrialização do país, e foi responsável pela criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da Companhia Vale do Rio Doce. Apesar de promover forte nacionalismo econômico e uma política de diversificação da produção, o ditador ainda foi submetido, em parte, aos interesses dos produtores de café, sendo obrigado a adotar o protecionismo – todavia, também promovendo a diversificação da produção de gêneros agrícolas brasileira, que deveria passar a ser menos dependente de artigos do campo ou industriais importados. Efetivamente, Vargas fez com que o Brasil pudesse ter uma indústria automobilística – que hoje, apesar da onda de demissões e medidas como a adoção de férias coletivas, permanece como uma das principais empregadoras em território nacional. 

Direitos trabalhistas na Era Vargas 

Como mencionado anteriormente, o governo de Getúlio Vargas foi o responsável pela criação da CLT, que garantiu diversos direitos aos trabalhadores brasileiros. Entre eles, podem ser citados: o estabelecimento do Fundo de Garantia, a estabilidade, a proposta de integração do trabalhador na empresa (como um dos princípios do direito do trabalho adotados na Era Vargas), a jornada de trabalho de oito horas e o salário mínimo nacional. A CLT continua valendo no Brasil até os dias de hoje, e é considerada a legislação mais importante criada na época. Muitos partidos trabalhistas continuam a se inspirar nas medidas adotadas pelo governo Vargas em suas políticas oficias, notoriamente, o PTB, que se considera o sucessor político do "pai dos pobres" (como o ditador era conhecido à época do Estado Novo).

Política Econômica - Governo Campos Sales

Ideia geral: controle da inflação

A crise do encilhamento, que caracterizou a economia brasileira no período imediatamente posterior ao fim do Império, exigiu respostas por parte do governo federal, que seriam elaboradas durante a presidência de Campos Sales pelo ministro da fazenda Joaquim Murtinho. A crise havia sido desencadeada pela tentativa de estimular créditos das políticas econômicas do ministro Ruy Barbosa - a facilitação do crédito, e até mesmo a emissão em grande volume de moeda por diversas instituições privadas foram dados que contribuiram para o quadro, e levaram a adoção de medidas de controle na gestão seguinte. 

A economia brasileira durante o fim do Império era caracterizada pela forte exportação de café, cultura que ganhou vulto no país durante o século XIX, fazendo com que a nação se tornasse a maior exportadora do gênero em todo o mundo – posto que o Brasil consituna ocupando, apesar do surgimento de fortes concorrentes, tanto na América – como apresentada pela Colômbia, grande exportador vizinho – quanto na Ásia – hoje, também através do Vietnã – e na África – através de Ruanda, por exemplo. A necessidade de crédito para a cultura cafeeira no Brasil fez com que os produtores pressionassem o governo por de crédito, o que resultou nas políticas insustentáveis já discutidas. O controle da inflação posterior à crise do encilhamento foi realizado através de tentativas de controle do crédito e redução de gastos governamentais (com o intuito de compensar o efeito do aumento no volume de moeda que foi disponibilizado no auge do problema). O chamado Funding Loan também foi uma medida tomada para tentar controlar a crise – foi um empréstimo de dez milhões de libras esterlinas que possibilitaria o pagamento da dívida brasileira e permitiria reestabelecer a confiança das instituições bancárias na capacidade de pagamento do Brasil, bem como estabilizar a economia nacional em crise, naquele momento – visto que a medida também tornou possível postergar o pagamento dos juros e da dívida externa. 

Alguns fatos negativos decorreram da política de controle da inflação, entre eles: a redução dos investimentos governamentais em obras públicas e a redução de investimentos no setor industrial, que ainda era nascente no Brasil – pode-se observar que o país só se tornaria essencialmente "cosmopolita" (com a maioria de sua população residente em áreas urbanas) posteriormente, já nas décadas da segunda metade do século XX. O ministro Joaquim Murtinho também promoveu o aumento na tributação, inclusive através da criação de novos impostos.

Consequências

As consequências mais evidentes da política de contenção de créditos foram os prejuízos para a classe trabalhadora brasileira, que teve seus rendimentos (já pequenos) ainda mais reduzidos. A série de medidas de controle inflacionário tiveram por consequência, além de redução de salários, o aumento no desemprego. Há uma concordância entre as medidas econômicas adotadas e a principal cultura de exportação brasileira: sob a perspectiva do governo Campos Sales, o Brasil deveria se focar na produção de artigos agrícolas, como o próprio café, já cultivado e exportado em grandes volumes pelo Brasil desde meados do século XIX, em detrimento de políticas econômicas que tivessem por objetivo a ampliação da produção industrial nacional. Sob essa mesma perspectiva, o governo compreendia que o Brasil deveria adquirir artigos industrializados de grandes exportadores estrangeiros – o que gerou consequências negativas para o processo de desenvolvimento econômico do país. 

O processo inteiro repetia a lógica da política nacional desde o primeiro governo da era republicana: as medidas adotadas refletiam, em essência, os objetivos dos cafeicultores, que, em um primeiro momento, se beneficiaram da política de expansão de crédito descontrolada e da desvalorização da moeda para aumentar a competitividade internacional da produção de café do Brasil, sem se preocupar com consequências desastrosas para o poder de compra dos brasileiros ou com a quebra da confiança dos investidores na capacidade gerencial do Estado, e, em um segundo momento, precisaram de políticas de controle de crédito e controle inflacionário para regular um fenômeno que destruia o valor da moeda brasileira e se mostrou, no longo prazo, insustentável e predatório (até mesmo contra agentes econômicos do Brasil). Este processo de forte influência dos cafeicultores sobre a política nacional não teve fim após a gestão de Joaquim Murtinho: o "Convênio de Taubaté" e a "Política Café-com-Leite" refletiram, ainda, a forte preponderância dos interesses dos produtores do gênero sobre os de todos os demais cidadãos no Brasil. Apenas após o governo Getúlio Vargas o Brasil veria, de fato, o surgimento de uma indústria nacional, bem como o estabelecimento de mais dois fortes atores políticos: uma classe operária, que se tornaria mais coesa e combativa durante os anos da ditadura militar, bem como uma classe de industriais com grande força econômica e influência.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Economia Cafeeira com Trabalho Livre

Início do uso da mão-de-obra imigrante na produção de café: 

Com a inviabilidade econômica do uso de escravos para a cultura cafeeira, foi introduzido o sistema das parcerias para a vinda de imigrantes europeus, que substituiriam a força de trabalho em uso nas lavouras de café. Os imigrantes eram trazidos em viagens nas quais as condições sanitárias eram virulentas, e eram submetidos, ainda que não oficialmente, a um regime de escravidão por dívida, no qual deveriam, entre outras coisas, trabalhar para pagar os custos da viagem de vinda ao Brasil, comprar exclusivamente produtos vendidos pelo fazendeiro (e seu empregador) e até entregar o excedente de sua produção de subsistência para o mesmo. 

Posteriormente, foi adotado o sistema de colonato, que oferecia condições menos precárias de existência aos imigrantes, como o pagamento da viagem a ser realizado pelo próprio fazendeiro ou pelo Estado e a possibilidade de manter a produção de subistência para si. 

As principais diferenças entre o sistema de parcerias e o sistema de colonato: 

O sistema de parcerias: 

- Forçava o imigrante a pagar pela sua viagem com o próprio trabalho, a juros altos, instituindo efetivamente uma espécie de escravidão por dívida 
- Forçava o imigrante a entregar ao empregador o excedente de sua produção de subsistência - Impedia que o imigrante deixasse as terras do empregador 
- Forçava o imigrante a adquirir itens exclusivamente do empregador 

O sistema de colonato: 

- Contou com importantes subsídios dos governos estaduais (em particular do governo de São Paulo)
- Permitia que o imigrante mantivesse sua produção de subsistência 
- Possibilitava que o pagamento da viagem fosse feito pelo patrão 
- Incluía a concessão de uma fatia de terra ao imigrante para o plantio de artigos de subsistência. Em resumo, o sistema de colonato se mostrou uma forma menos brutal de trazer força de trabalho para a cultura cafeeira, quando comparado com o sistema de parcerias.

Economia Cafeeira Escravista - Ascensão e Queda do Uso de Escravos na Lavoura

Início da produção cafeeira no Brasil (com uso extensivo de mão de obra africana escrava): O café começou a ser cultivado no Brasil durante o século XVIII, para fim de subsistência e com difusão limitada no teritório. No século XIX, com a independência do Haiti (que prejudicou a produção de café no país caribenho) e a forte competição oferecida à produção canavieira do Brasil pelas Antilhas, o café passou a ser cultivado para a exportação, principalmente em regiões próximas ao Rio de Janeiro, em decorrência da proximidade com os portos (e aduana), da disponibilidade de crédito, de mão-de-obra e de terras. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e a Europa ofereciam um mercado consumidor que possibilitava a atividade. 

Dados decisivos para a produção no Vale do Paraíba: as primeiras regiões produtoras de café em larga escala para exportação no Brasil foram em áreas próximas ao Rio de Janeiro (e/no que é o atual estado do Rio de Janeiro), com destaque para o Vale do Paraíba. A região apresentava condições climáticas favoráveis para a cultura, bem como terras em abundância, que ainda se encontravam sob a distribuição feita através do sistema de "sesmarias", no qual a região plantada consistia em grandes extensões de terra pertencentes ao Estado que eram distribuídas aos fazendeiros, sem que houvesse formalmente a propriedade privada das terras (ou seja, o território cultivado pelo fazendeiro não possuía valor comercial, não poderia ser vendido pelo produtor). 

Ao mesmo tempo, a região contava com abundância de mão-de-obra escrava, que também havia sido empregada na cultura canavieira. Das regiões em que hoje ficam os estados de Goiás e Minas Gerais (até mesmo da Bahia),  escravos foram trazidos, inclusive de onde  praticava-se a mineraçãono nos séculos XVIII e início do XIX, até que as medidas de controle e extinção do comércio de escravos tornaram este uso de força de trabalho inviável, ao menos na escala em que fora empregado nos primeiros anos de 1900. 

Outros dois fatores decisivos para a implementação da cultura cafeeira no Vale do Paraíba foram a proximidade da região portuária (que facilitava o escoamento dos grãos, que era feito com uso de animais de carga, como mulas) e a disponibilidade de crédito, através das casas comissárias. O fato de não haver ainda meios de produção típicos da revolução industrial em franca ascensão no Brasil não impossibilitou de forma alguma a produção do café, uma vez que os métodos empregados neste cultivo e exportação eram significativamente rudimentares. 

Os fatores que se mostraram decisivos para a decadência da cultura cafeeira no Vale do Paraíba:

Os fatores que levaram à decadência da cultura cafeeira no Vale do Paraíba estão diretamente relacionados com os mesmos fatores que propiciaram sua ascensão. Em primeiro lugar, as mesmas técnicas rudimentares de cultivo provocaram notória erosão no solo onde o café era cultivado, de sorte que gradualmente todo o processo se tornou inviável. O cultivo era, por exemplo, feito em encostas, sem quaisquer cuidados para que fossem impedidos deslizamentos, formação de ravinas e processos de erosão similares. Ao mesmo tempo, ao longo do século XIX, houve pressões para que o comércio de escravos tivesse fim, promovidas principalmente pela Inglaterra, que já vivia a revolução industrial e favorecia o emprego de mão-de-obra assalariada (notória por permitir a formação de mercado consumidor). Regulamentações como a lei Eusébio de Queiroz, de 1850, tornaram, gradualmente, o uso deste tipo de força de trabalho algo inviável, do ponto de vista econômico, dado que elevaram em demasia os custos relacionados à aquisição de escravos para a produção de café.

Desvalorização cambial e crise do encilhamento - Governo Deodoro da Fonseca

Produtores de café e a desvalorização cambial:

As últimas décadas do século XIX viram o início da decadência da economia cafeeira no Brasil, que, apesar de ter perdido força ao longo do período, deixou de ser o principal foco das atividades ecoômicas no Brasil, de sorte que hoje a mesma cultura concorre com outros grandes produtores de café, tanto na Ásia quanto nos continentes americano e africano. A desvalorização cambial registrada na economia brasileira nos anos que antecederam o início do século XX teve como razão, entre outras, o interesse dos cafeicultores em exportar o grão a custos mais baixos. Este empreendimento levou o Brasil a se tornar o maior produtor de café da época, respondendo por três quartos da exportação mundial do gênero. 

A desvalorização também sofreu forte imfluência das políticas de emissão de moeda (e facilitação de emissão desta) pelo governo brasileiro. Também do interesse dos produtores de café para sustentação da produção, a expansão monetária desregrada e grande facilitação do crédito foram dois fatores que se somaram ao ciclo vicioso da desvalorização cambial, como apontado na breve discussão no fim deste resumo. 

O ciclo vicioso: 

Os fatores que colaboraram diretamente para o ciclo da desvalorização cambial foram, conforme exposição realizada em aula: o aumento nas exportações de café, a queda no preço internacional do produto – consequência direta dos aumentos de exportação -, a queda da receita das exportações de café – decorrente, como é de se esperar, da queda do preço do gênero -, a pressão para desvalorização cabial realizada pelos produtores brasileiros – feita precisamente para compensar a queda das receitas de exportação – e o aumento da receita interna das exportações de café, que naturalmente provome o aumento das exportações do produto. Ou seja, no "fim" do ciclo, a queda no valor da moeda torna a produção do café economicamente atrativa para os latifundiários através do aumento das receitas, o que "reinicia" todo o processo. 

O fenômeno que levou à importante desvalorização cambial registrada na economia brasileira pode ser representado através do seguinte esquema:




Encilhamento, crise, crédito e produtores de café:

 Sobre os interesses dos produtores de café na desvalorização da moeda, conforme o site do Sindicato da Indústria de Café de Minas Gerais, a redução do valor da moeda foi usada desde a os tempos do imério para servir aos propósitos da burguesia cafeeira. Este processo de queda no valor da moeda brasileira ficou conhecido como 'socialização das perdas'" (disponível em http://sindicafe-mg.com.br/plus/modulos/conteudo/?tac=historia-do-cafe ). 

A desvalorização cambial, que geraria a crise identificada na economia brasileira no fim do século XIX, favorecia a exportação de café, por tornar o produto brasileiro mais competitivo nos mercados internacionais. Ainda que a produção fosse expressiva e ainda que o Brasil já ocupasse uma posição importante entre os players, o processo tinha limitações naturais, dada a natureza auto-destrutiva da estratégia de desvalorização cambial – uma vez que as exportações sejam facilitadas e a oferta internacional do produto aumente, os lucros tendem, naturalmente, à queda. 

Ao mesmo tempo, o aumento da emissão de moeda (e mesmo a facilitação da emissão de moeda por instituições financeiras privadas), foi um dos fatores que mais influenciaram o processo. Também do interesse dos produtores de café, a facilitação da emissão de moeda e crédito permitiu uma sustentação temporária do ciclo vicioso. Esta estratégia de expansão monetária foi chamada até mesmo de "salvação da lavoura". 

Conforme o site Revista de História.com.br, foi utilizada a expansão de crédito, amplamente, para servir aos propósitos dos cafeicultores. O projeto foi levado a cabo pelo decreto de 17 de janeiro de 1890, e permitiu a expansão monetária através da emissão de dinheiro com apólices da dívida pública. As instituições financeiras formavam fundos de 10% em cima de seus lucros, e através dessa arrecadação, podiam amortizar a dívida pública. Houve protestos contra os privilégios dos bancos que emitiam o papel-moeda, mas a emissão descontrolada continuou a acontecer, desencadeando a maior crise econômica da primeira república.

Este conjunto de fatores (bem como outros não discutidos aqui) contribuiu para a chamada "crise do encilhamento", que talvez tenha sido a mais importante crise econômica pela qual o Brasil passou nos primeiros anos da república.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Resumo do livro Curso Básico para Resolver Problemas e Tomas Boas Decisões, de Ken Watanabe

Introdução


O livro "Curso Básico para Resolver Problemas", de Ken Watanabe, apresenta sua tese de forma simples, em um texto enxuto e direto, com exemplos fáceis (que, na realidade, se adequam ao público inicial para o qual foi escrito: o público infantil) mas que podem ser ajustados à aplicação em situações diversas. O método apresentado pelo autor sugere uma releitura do método científico, em alguns pontos, e uma proposta de atitude psicológica que deve ser tomada para a superação de desafios, em outros. Entre as características mais marcantes do livro está também a estrutura esquemática dos processos de resolução dos problemas, com árvores, matrizes e tabelas, que permitem a observação "de cima" e organizada de inúmeras situações que exigem soluções racionais. O capítulo 1 se dedica a exemplificar atitudes mentais diante da resolução de problemas, e o faz sugerindo que o leitor adote a postura de um "solucionador de problemas". 

Apesar de simplória, a proposta é eficaz: em alguma medida, adota a visão discutida por proponentes da PNL (que é vista por autores críticos dos processos de "planificação social", condicionamento em massa e controle social como brutal e simplória, além de forçar crenças irracionais para pacientes que precisam lidar com traumas infantis e que não conseguem superar inúmeros desafios por necessidade de superação de questões relevantes em seu subconsciente) para uma "pulsão" solucionadora. O livro, todavia, deixa a "construção de crenças" em segundo plano: a crítica feita às personalidades que não se adequam à proposta do autor é muito sutil – e, pode-se dizer, sensata -, de sorte que o leitor fica inclinado a, de fato, se tornar um "solucionador de problemas". 

O perfil esquemático proposto para a adoção futura sintetiza elementos positivos dos demais: o ímpeto para iniciativas, a análise meticulosa das questões a serem solucionadas e a criatividade - três elementos que farão parte dos esquemas apresentados ao decorrer do livro, para diversos assuntos diferentes: a análise meticulosa deve ser empregada para estudar todos os problemas de propostas, a atitude positiva é necessária para iniciar empreitadas e a criatividade é necessária para a proposição de soluções em cada um dos dilemas que o leitor pode enfrentar, de sorte que todas as necessidades no processo de solução de problemas sejam atendidas. 

O sistema da árvore lógica é uma ferramenta muito útil apresentada neste capítulo. Ela, que será discutida em profundidade em diversas etapas durante os outros caítulos do livro, oferece a visualização fracionada de cada problema, de sorte que permite a organização de todo o processo de resolução. Pode-se dizer que a atitude "científica" do autor começa com a introdução deste conceito, que efetivamente permite ao leitor alcançar um método de análise situacional que pode ser empregado em inúmeras ocasiões, com formulação de hipóteses e métodos para testes de hipóteses: entre os sugeridos pelo autor, estão dos mais simples – como perguntar diretamente a pessoas que podem conhecer soluções – até avaliar quase estatisticamente resultados de empreitadas anteriores (ainda que não dito de forma aberta ou insistente, fica evidente que uma aplicação em escala "macro" da técnica exige algum tipo de método estatístico). Enquanto pode parecer, a primeira vista, que o autor espera muito dos leitores, de fato, a visão subententida no livro é condizente com as necessidades reais identificadas no processo de "resolução". Uma atitude demasiado crítica pode efetivamente impedir a tomada de qualquer decisão; um perfil autocrítico excessivo pode impedir não só a resolução de problemas como também a mera formulação de quaisquer hipóteses de resolução; um perfil pouco realista pode ou apresentar soluções inviáveis ou alvejar objetivos impossíveis ou irreais, que não condizem com os meios disponíveis para sua resolução hipotética; um perfil demasiado impetuoso pode simplesmente alcançar resultados indesejados ou até mesmo nocivos em uma iniciativa irracional, sem qualquer reflexão sobre os meios sensatos para alcançar uma meta. Efetivamente, o título se adequa muito bem ao assunto discutido, mas também poderia ser "manual simples para resolução de problemas", sem qualquer prejuízo "terminológico". 

Resumo - Capítulo 1

O autor inicia o livro com a apresentação de atitudes psicológicas prejudiciais para o método de resolução de problemas. Na ordem apresentada, o primeiro é o modelo autocrítico em excesso. O autor sintetiza a atitude através das máximas: "Nunca serei capaz de fazer isso. Não tenho talento suficiente", "É melhor nem tentar. E se eu fracassar? Todo mundo vai rir de mim", "A culpa é dos meus pais. A culpa é da sociedade. A culpa é sua!" e "Ninguém me entende. Ninguém se importa comigo. Todo mundo está contra mim.". Conforme sugerido pelo autor, a atitude pode impedir até mesmo o início do processo de resolução dos problemas. 

O segundo modelo apresentado é o crítico em excesso. No livro, a atitude é desenhada pelas máximas: "Isso nunca vai funcionar. Que ideia idiota!", "Eu falei que não ia dar certo. A culpa é toda sua!" e "Eu expliquei como você deveria fazer. Por que falhou?". O livro reserva para esta atitude a mesma análise da anterior: é uma postura que impede o pleno fucionamento do processo de resolução de problems, porque inviabiliza todas as soluções possíveis e até mesmo o início da tomada de decisões que leva à meta. 

O terceiro modelo apresentado é o "sonhador" em excesso. O modelo, conforme o autor, inviabiliza o processo de resolução de problemas porque sugere medidas inviáveis para as diversas etapas na resolução de problemas e até mesmo escolhe metas inatingíveis, que simplesmente não são condizentes com os meios disponíveis. O perfil é caracterizado pelas máximas "Pretendo escrever um romance" e "Não seria ótimo abrir meu próprio negócio?". Todavia, como já sugerido, esta atitude apresenta ao menos uma característica desejável para a resolução de problemas: a criatividade (veremos à frente por que ela seria necessária, quando forem discutidas as fases em que é necessário apresentar resoluções específicas para cada "sub"problema. 

O quarto modelo apresentado é o impetuoso em exceso, que é caracterizado como tendo as máximas "Jamais desistirei. Tenho que superar este desafio!", "Preciso me esforçar mais! Não posso parar agora!", "Sei que vai dar certo se eu me empenhar um pouquinho" e "Parar para pensar? É perda de tempo. O importante é executar!". O modelo é indicado como negativo porque simplesmente apresenta uma postura irracional demais: não possui a reflexão, ou até mesmo algum espírito crítico, necessário para a resolução dos problemas. Ele também possui uma característica extremamente desejável para o perfil que é sugerido pelo autor: o ímpeto, ou a vontade de solucionar um problema, ao invés da crítica "contemplativa" do primeiro modelo ou da crítica simplesmente negativa do segundo. 

O último (e ideal) modelo discutido pelo autor é o "solucionador de problemas" ideal. É o modelo que sintetiza todas as características positivas dos modelos anteriores – o espírito crítico dos primeiros, para que a solução de problemas seja racional e exclua soluções inviáveis, a criatividade, para que o processo de solução de problemas seja devidamente abastecido por ideias, nas fases nas quais elas são necessárias, bem como o ímpeto que é absolutamente necessário para qualquer iniciativa, de qualquer pessoa, em qualquer campo da ação humana. É evidente que este modelo é praticamente um ideal inatingível, mas é a sugestão de "postura psicológica" que o leitor deve visar quando pensa em solucionar algum desafio imediato. O autor, todavia, não se limita a discutir aspectos psicológicos e sentimentais da solução de problemas no primeiro capítulo – ele já começa a esboçar elementos conceituais importantes para o livro. 

O segundo assunto mais importante discutido no capítulo (not least) provavelmente é a árvore lógica. Antes de avançar sobre o conceito, o autor discute a definição de seu conceito próprio de "resolução de problemas". Conforme ele explica, "a 'resolução de problemas' é um processo que pode ser decomposto em quatro etapas:(1) entender a situação atual; (2) identificar a causa básica do problema; (3 desenvolver um plano de ação eficaz; e (4) executá-lo até que o problema seja resolvido, fazendo as modificações necessárias. O que a árvore lógica faz é, em cada uma dessas etapas, classificar, organizar e esclarecer quais sub-problemas existem e quais são as possíveis medidas a serem tomadas. O autor presume que, em todo o processo, seja necessário estudar cada uma dessas variáveis, de sorte que as soluções apresentadas sejam as mais sensatas possíveis, alcançando efetivamente os fins desejados da forma mais eficiente disponível – ainda que no primeiro capítulo isto não seja discutido a fundo. 

A decomposição dos problemas em "sub"-problemas também possui outra vantagem: descobrir com exatidão quais são as causas de cada problema maior. O método permite que cada aspecto do problema seja avaliado em detalhe, e até mesmo os problemas decorrentes das soluções sejam estudados. O livro também oferece, posteriormente, mecanismos de "retirada" desses "sub"problemas, mas esse processo é apenas visto de relance nos capítulos iniciais: a efetiva discussão destes assuntos só ocorrerá no final. Como será visto adiante, uma solução sugerida pode apresentar menos efetividade do que outra: a árvore permite uma representação gráfica de todos os problemas e, através da vizualização/organização, escolher quais das soluções podem ser as mais desejadas para cada situação. 

Um problema simples apresentado no livro é o de um recipiente contendo pimenta com furos (para expelir os grãos) e grãos em tamanhos que dificultam a saída. O autor discute formas possíveis de facilitar o método de extração dos : o dispositivo seria mais eficaz caso os furos para saída dos grãos fossem maiores? O processo seria mais simples se os grãos fossem menores? Aumentar a superfície contendo os furos também desempenharia um papel positivo em otimizar o dispositivo? Todas essas perguntas seriam formuladas para a elaboração de uma árvore lógica hipotética, poderiam ser categorizados, analisados e escolhidos, para obter os melhores resultados possíveis, com o uso mais eficiente de recursos.. 

Apesar da discussão aprofundada e dos esquemas gráficos claros apresentados no primeiro capítulo, a exposição mais aprofundada da árvore lógica só começará a se dar (ao menos para uma das etapas) no próximo capítulo, que dirá respeito à formação e crescimento de um grupo musical escolar formado por três jovens. É importante ressaltar que no primeiro capítulo a árvore lógica foi apenas "sugerida": o processo de análise só será levado adiante nos demais – para mais de uma etapa necessária para a resolução de problemas. No próximo capítulo, o autor dará uma grande importância aos processos de elaboração criativa de soluções para os problemas e montagem da árvore lógica; no capítulo 3 serão fornecidas ferramentas para definição de prioridades e será demonstrado como é possível tornar a árvore lógica menor e menos complexa, facilitando o processo decisório, enquanto no capítulo 4 será mostrado o processo de refindo das hipóteses selecionadas, com sistemas de pesos, e como, simultaneamente, obter informações necessárias para uma tomada de decisões que atenda de forma mais eficaz aos objetivos simples mas atingíveis sugeridos pelo livro.

Aqu vai um pequeno exemplo de árvore lógica, que poderia ser usado por alguém que pretende trabalhar fora do país:



Introdução ao Capítulo 2

O autor, neste capítulo, apresenta uma situação que pode ser entendida como irreal (estabelecimento, por uma banda, de apresentações semanais em uma escola que, ao que tudo indica, parece uma escola convencional). Todavia, a esquematização apresentada pelo autor fica consideravelmente mais aprofundada, visto que discute precisamente as partes que, conforme o próprio modelo sugerido, são as mais cruciais no processo de resolução de problemas: os "sub"problemas estabelecidos na árvore lógica. O autor abre o capítulo seguinte sugerindo que a melhor forma de resolver qualquer problema é, precisamente, dividindo um "sistema problemático" maior em "sub"problemas menores, de modo que a solução de cada uma unidade seja sensivelmente mais simples do que a solução "simultânea" de todo o conjunto: todavia, é neste capítulo que o processo começa a ser demonstrado na prática, com procedimentos sugeridos inclusive para a ótima resolução dos "sub"problemas. No capítulo que o segue, todavia, esse procedimento de "esmiuçar" um problema maior em situações menores, mais simples de resolver, será estudado em mais detalhes, e será oferecido um exemplo mais específico de situação simplificada (obter um valor em dinheiro para um objetivo específico). 

O autor, mais uma vez, faz a sugestão dos modelos de atitude psicológica (dessa vez, exemplificando o perfil "irrealista" e o perfil ideal), mas aponta que até mesmo os perfis que, inicialmente, poderiam ser vistos como negativos, possuem aplicações positivas, dentro de um contexto otimamente estruturado. A situação que o autor sugere pode parecer ideal "demais" - no caso, há um indivíduo com o perfil "surreal" e dois com os perfis "ideais": o perfil "surreal" passa a assumir a avant-garde criativa, enquanto os perfils ideais passam a executar as atividades práticas imediatas. A conjugação dos três modelos permite a execução do plano de ação para solucionar o problema de forma eficiente e produtiva, com a devida análise de todas as variáveis envolvidas na resolução de problema e com a seleção dos melhores métodos para a efetiva conquista dos objetivos, com resultados que são indicados pelo autor como sendo os mais desejáveis que poderiam ser efetivamente alcançados. Toda a narrativa parece um pouco forçada e "ideal" demais: evidentemente, trata-se de um manual, mas o meio condiz com o objetivo do livro, que é justamente oferecer desenhos "gerais" para aplicações específicas, e, na realidade, é bem convincente e muito bem organizado. 

Um elemento que passa se tornar evidente no livro é a "especialização" da árvore lógica: ao contrário do primeiro capítulo, que apresentou uma visão mais "geral" da ferramente (e, na verdade, de todo o processo de resolução de problemas), o segundo adota um enfoque mais centrado, específico, analítico, com grande ênfase no diagnóstico – não apenas no diagnóstico "primordial", necessário para conhecer as causas primeiras do problema, mas no diagnóstico tardio, dos problemas decorrentes das linhas de ação escolhidas para a solução. O processo é refinado através da discussão do estudo dos resutados, que é, na prática, o processo de controle estudado nas teorias administrativas (o livro vai dedicar, em essência, os outros capítulos a outras atividades da administração: fica implícito que muitas das etapas sugeridas para os processos de resolução de problemas possuem um caráter "estratégico", ou de planejamento, como será visto no último capítulo, que sugere fazer uma análise aprofundada, quase científica, de cada plano de ação para a resolução de problemas), que é absolutamente necessário em qualquer campo da ação humana. O livro possui um caráter de universalidade na apliação de seus métodos que ajuda a entender o sucesso da publicação. 

Resumo  - Capítulo 2

Em essência, o capítulo 2 aborda o processo de formação e organização das primeiras atividades de uma pequena banda colegial, composta por dois indivíduos com uma atitude similar à representada como a atitude ideal no capítulo 1 – a atitude que soma as características do senso crítico necessário para análise das soluções e problemas a solucionar, criatividade para propostas de soluções de problemas e ímpeto necessário para levar a cabo todo o processo – bem como um indivíduo que possui o perfil dos pensamentos "pouco realistas", que, a princípio, tenderia a propor metas inalcançáveis (mas, neste caso, é retratado apenas como não se importando com os processos e meios necessários para a solução de problemas, ao contrário dos outros dois personagens). O capítulo 2 também inicia a apresentação dos métodos de análise das variadas etapas da árvore lógica, incluindo a análise e discussão do processo de diagnóstico de uma situação inicial e isolamento de variáveis para a correta definição dos primeiros problemas a superar – desde problemas técnicos (de infraestrutura) elementares até problemas "secundários", relacionados com o proprio know-how para a solução dos problemas enfrentados. 

Para o início do processo de resolução dos problemas, o autor sugere o seguinte expediente: estabelecer uma lista de todas as possíveis causas básicas do problemas, desenvolver hipóteses para as causas mais prováveis, definir quais são as informações necessárias para testar a hipótese formulada e analisar e definir a causa básica. Para o desenvolvimento de soluções, o autor sugere as seguintes etapas: reflerir sobre uma ampla variedade de possíveis soluções para o problema, priorizar as ações, desenvolver planos para uma satisfatória implementação das soluções para os problemas. Estes processos, naturalmente, irão contribuir na elaboração da árvore lógica, inumerando variáveis que desempenharão papéis em todas as etapas até, finalmente, a resolução do problema e obtenção da meta alvejada. 

Uma etapa particularmente interessante do capítulo 2 é a análise das soluções apresentadas que não estão demonstrando resultados satisfatórios. Conforme o autor argumenta, é necessário ponderar e estudar cada um dos processos escolhidos para o processo de resolução, de modo que se identifiquem com precisão quais variáveis podem estar desempenhando um papel negativo na obtenção dos resultados desejados. No caso que é o principal discutido durante o capítulo, um dos principais problemas com o qual os jovens precisam lidar é o baixo número de consumidores de seu produto (o show), em uma situação que configura, efetivamente, um problema de marketing, no que poderia ser considerado o "P" de promoção. Os integrantes do conjunto constatam que poucos indivíduos estão frequentando seu show, de sorte que é necessário criar uma solução capaz de atrair um número mínimamente aceitável de audiência. Entre as variáveis estudadas pelo conjunto para otimizar o processo de atração de público estão: a quantidade efetiva de pessoas que foram alcançadas pela estratégia de promoção do produto (show), o "comportamento dos consumidores" referente ao consumo de músicas e horários disponíveis para "consumo" (horários que seriam os mais adequados para efetivamente atrair o máximo de pessoas) e estratégias de divulgação adotadas durante toda a promoção dos eventos – que, conforme o autor, passaram a seguir uma rotina semanal de ao menos um espetáculo por final de semana. A quantidade de variáveis discutidas na seção referente aos meios de divulgação do produto merecem discussão à parte, pela variedade e possível eficiência de cada meio. 

Entre as formas de promoção incuidas no esquema apresentado pelo autor estão: membros do próprio conjunto (que fariam a divulgação através de comunicação direta com o público alvo – os alunos do mesmo colégio), espectadores (que poderiam ser usados como veículo para a divulgação entre colegas que não sabiam a respeito dos eventos promovidos), jornal escolar (que poderia ser empregado como veículo para entrevistas dos integrantes da banda, ou ainda poderia veicular informações referentes ao espetáculo para toda a escola), cartazes espalhados pela instituição, filipetas (que poderiam ser entregues ao maior número possível de alunos da escola), quadro de avisos já disponível pela própria escola (no qual poderiam ser afixadas informações referentes aos shows, em cada turma), rádio escolar (no qual os integrantes poderiam solicitar ao programador que toque músicas do conjunto ou ainda que divulgue o próprio evento, bem como seus detalhes), CDs (que poderiam ser gravados e distribuídos aos alunos da escola, inclusive com flyer contendo informações sobre os próximos shows), emails (através de uma mala direta que poderia ser enviada a todos os professores e alunos com detalhes do show) e site próprio (também contendo informações a respeito dos eventos promovidos pelo conjunto e biografias dos integrantes, para criar algum tipo de lealdade entre os consumidores). 

O processo de discussão do problema e possíveis soluções apresentados para o caso do conjunto culmina em algumas observações importantes a respeito de que métodos já foram identificados como os mais eficazes na resolução dos problemas imediatos: para solução da questão do público (que foi identificado como ainda sendo muito pouco, provavelmente por problemas na divulgação e nos horários que haviam sido previamente estabelecidos pelos integrantes da banda), é sugerida a mudança para o horário de sábado, às 17 horas. Ao mesmo tempo, para sanar críticas que foram apresentadas pela audiência, o conjunto decidiu por modificar ao menos 20% do repertório a cada apresentação (foi constatado que mais de um entrevistado, em pesquisa feita pelos próprios integrantes, pensava ser um problema o fato de o conjunto sempre apresentar as mesmas canções), bem como colocar um dos integrantes para interagir com a audiência através de piadas, durante espaços de tempo no qual a banda não estivesse tocando, de modo que o entretenimento seria assegurado durante praticamente toda a duração dos eventos. 

Uma etapa importante em todo o processo de elaboração das soluções também é, como mostrado no livro, a discussão a viabilidade de cada método, ou até a hierarquização de que soluções são as mais e as menos viáveis. Como fica implícito, este processo é absolutamente necessário para a correta elaboração da árvore lógica e para o estabelecimento de uma visão clara de quais caminhos podem ser os mais desejáveis na resolução dos "sub"problemas. 

Conforme mostrado na situação hipotética elaborada pelo autor, o que se passa é: os integrantes efetivamente seguem todas as etapas sugeridas para a discussão das hipóteses/diagnóstico da situação, elaboram possíveis soluções, avaliam resultados (controle) da implementação das soluções e finalmente passam a ação com o objetivo de aprimorar os resultados alcançados. Após a devida ação necessária em todas as etapas (e, como visto, pricipalmente para superar a etapa de divulgação do produto), a banda consegue, de fato, alcançar um público maior e realizar o show para uma audiência mais de dez vezes maior do que a registrada nas primeiras três apresentações. O que o capítulo deixa subentendido é, obviamente, a necessidade de controle das ações implementadas para a obtenção das metas estabelecidas. O autor deixa claro que a análise de todas essas variáveis pode ser crucial para alcançar e até mesmo superar metas.

Introdução ao Capítulo 3

O capítulo 3 pode ser considerado o mais realista de todo o livro, apesar de possuir um objetivo nominal que pode ser considerado desafiador ("tornar-se um grande diretor de filmes de animação hollywoodianos"). O leitor pode levantar as sobrancelhas, a princípio, mas o objetivo de facto é bem mais mundano: adquirir um computador. O processo de seleção de um "sub" problema pelo personagem é condizente com a lógica da esquemática sugerida pelo autor. Através da árvore lógica, presume-se que o personagem delimitou como alguns de seus problemas imediatos: obter instrução em computação gráfica, adquirir um computador (diga-se de passagem, antes de tudo) e conseguir um emprego na área da computação gráfica e da animação. O objetivo próximo, notoriamente simples, é resolvido através da adoção de expedientes igualmente próximos e evidentes, como as economias (que, por sinal, são a maior fraqueza do consumidor brasileiro, notório comprador compulsivo). Como um esquema "universal", o que mais parece universalmente compreensível, em todo o livro, sem grandes esforços de simplificação de personalidades ou objetivos "estratosféricos" é, precisamente, este capítulo, ou a divisão do método apresentada neste capítulo. Os procedimentos de cortes na árvore lógica são todos muito tangíveis e com os quais a maioria dos leitores pode facilmente concordar, sem fazer grandes concessões à boa-vontade. Ao mesmo tempo, são sistemas que podem até mesmo estimular o ímpeto para resolução dos problemas de quem decide adotá-los – é muito mais fácil lidar com uma situação de simples resolução do que com um problema enormemente complexo e cuja solução demanda recursos olímpicos. É exatamente o caráter "mundano" do capítulo que lhe confere brilho, precisamente por ser simples, uma vez que o livro mesmo é um manual que tem a pretensão de sê-lo (e é, de de grande satisfação para o leitor). O autor enfatiza a necessidade de solucionar um problema simples e claro: obter 1.500 reais, que é uma meta fácil, até para os meios disponiveis para o personagem, que precisa, no fim, fazer poucas modificações necessárias para atingir sua meta. 

A ferramenta de avaliação das variáveis a serem excluídas da árvore lógica é de utilidade imensurável. Através dela, pode-se facilmente determinar mecanismos que facilitem otimizar resolução de um problema – como, para o caso discutido, a acumulação de renda (por exemplo, com as vendas) ou mesmo de aumento das rendas provenientes do trabalho. A eliminação de hipóteses complexas ou demasiado problemáticas permite que o usuário das ferramentas oferecidas estabeleça seu sistema de pesos que irá determinar, enfim, qual é o caminho ótimo para a solução dos problemas. Ao mesmo tempo, o estabelecimento dos perrcursos mais simples possibilita que a meta definida seja completa no menor tempo possível. 

Todavia, algo que fica evidente é que os métodos de análise que são empregados pelo autor não se limitam ao de um ou outro aspecto da solução de problemas: eles podem ser usados em quase todas as etapas da árvore lógica. Com eles (e são vários) é possível manter o controle referente a qual método é aceitável ou não, ou a qual método é de fato lucrativo ou não. Este processo será aprofundado no capítulo seguinte: neste, a questão central parece ser demonstrar maneiras de "limpar" a arvore lógica, de tornar os caminhos escolhidos os mais claros e os mais simples o possível. É evidente que o processo toma uma especialização maior no último capítulo, mas aqui já está o esboço do sistema de pesos – ainda não entraram todas as variáveis ou sistema de coleta de informações para estabelecer exatamente qual caminho é o melhor, mas os próximos passos já são sugeridos pela lógica da otimização da árvore lógica construída durante todo o processo de tomada de decisões.

Resumo - Capítulo 3

No capítulo 3, é discutido o caso de um personagem que decide trabalhar na área de computação gráfica – e, especificamente, se tornar um dos "grandes" de Hollywood na área. A narrativa mostra como o personagem se tornou aficcionado pelo gênero das animações. Durante uma das seções de cinema, ele decide que aquela área será sua carreira, e passa a pensar em formas de ingressar neste trabalho. O personagem enfrenta um principal obstáculo: os recursos necessários para a aquisição de um computador (ferramenta absolutamente necessária para quem tem o objetivo de trabalhar com computação gráfica). Entre os problemas estão: a falta de recursos pura e simples, a pequena remuneração de seu trabalho atual, a necessidade dos estudos (que, em tese, dificultam a melhoria da sua renda imediata) e a possível necessidade de "restrições orçamentárias" para a obtenção da quantia necessária para comprar o computador. 

O capítulo é iniciado com um trecho já discutido e demonstrado no anterior, mas que sintetiza o que será discutido: ele diz que os indivíduos que efetivamente solucionam problemas, e o fazem da forma "ideal", 'têm grandes sonhos, mas correm atrás deles, decompondo-os em metas menores e perguntando a si mesmos: "O que devo fazer este ano, ou nos próximos três meses, ou hoje, para atingir meus objetivo?" Essas metas menores os guiam rumo aos seus sonhos e ajudam a mantê-los motivados. Quando traçam um plano para realizar um sonho, descobrem o meio mais eficaz de alcançar cada meta menor e executar as ações necessárias'. Ao mesmo tempo, conjugadas com as divisões dos problemas, o autor demonstra a necessidade de estabelecer prioridades, e de eliminar hipóteses que, por mais que viáveis, podem se mostrar negativas por inúmeras razões, como por exemplo por limitar outras áreas de interesse que não devem ser negligenciadas na resolução de problemas (no caso discutido, durante o estabelecimento de metas para aumento da renda, o autor menciona, por exemplo, a dedicação de tempo a outras atividades importantes para o interessado, que não podem ser simplesmente ignoradas, por variadas razões, como os estudos). O autor também expande a análise das soluções escolhidas: são avaliadas variáveis que otimizam a solução para o autor, e são identificadas variáveis que estariam ou não disponíveis para ele para cada caminho de soluções adotado. Um deles, a venda objetos pouco usados em casa, parece um caminho viável, ao mesmo tempo que triplicar a eficiência de seu trabalho (passear com cães de vizinhos) que, ao contrário do trabalho de programação executado por um conhecido, é viável para o personagem principal do caso em questão. 

O autor também sugere algumas novas etapas consideravelmente úteis para aprimorar a árvore lógica: "listar o máximo de de ideias e opções possíveis; Selecionar as melhores ideias como sendo as hipóteses; Definir as análises e informações necessárias para testar a hipótese; Analisar e desenvolver um plano de ação". Através desses procedimentos, é possível entender que o autor quer auxiliar os leitores no desenvolvimento dos processos criativos necessários para a elaboração das soluções de problemas, em um sistema simples mais eficaz, com uso de todas as já mencionadas ferramentas, separação e análise de problmas em unidades menores e, agora, um nível mais específico de planejamento, que pode reduzir a complexidade de cada etapa na resolução. 

A ênfase na simplicidade também se torna evidente neste capítulo: o autor deixa uma sugestão que faz compreender o propósito final do livro (a simplificação dos processos de resoluções de problemas): ele define como máxima "estabelecer uma meta clara". Na opinião do autor, uma meta clara precisa ser, preferencialmente, mensurável e o mais específica ruim: metas genéricas não querem dizer muita coisa. No caso, "quero um computador" seria considerada uma meta ruim, genérica, enquanto "quero adquirir 1.500 reais para adquirir um computador" parece uma meta mais sensata porque é simplesmente mais fácil determinar métodos para adquirir exatamente os 1.500 reais – é possível pensar em empregos que paguem em volume que alcance em pouco tempo a meta, ou pensar em formas de aumentar a renda para atingir este objetivo específico, ao mesmo tempo que se pode determinar claramente que modelo de computador se quer adquirir e se vai atender às necessidades para cada situação (conforme o texto, o propósito sugerido seria "estudar computação gráfica").

 Nesta etapa do livro, uma ferramenta importante é acrescentada: a representação gráfica da ordem de importâncias nas atividades principais do personagem. Esta ferramenta auxilia no processo de eliminação de "ramos" da árvore lógica de tomada de decisões para solução de problemas. Através dela, o solucionador pode avaliar que elementos podem ou não efetivamente ser retirados de sua programação, e permite ponderar inclusive conforme gostos subjetivos, de modo que o objetivo seja atingido de forma satisfatória, mas sem prejudicar completamente os anseios lúdicos do usuário dos recursos sugeridos. O equilíbrio entre os prejuízos necessários para a aquisição de algo que pode prejudicar no caminho para um objetivo é colocado como uma forma de ponderação, no caso, referente ao consumo de artigos alimentares pelo personagem, e mostra uma situação na qual o corte não seria produtivo (bem como, em outro momento, uma situação na qual o corte seria benéfico, como no caso da redução das aquisições de Cds e DVDs): conforme o autor, "os doces estão no quadrado inferior esquerdo [ou seja, são relativamente baratos e são algo que o personagem gosta muito de consumir], mostrado que João não gasta muito com eles e que as guloseimas são essenciais em sua vida. Como os doces não têm grande impacto em seus gastos, ele conclui que não precisa eliminá-los". Na representação gráfica, é possível estabelecer uma "ordem de prioridades" e uma "ordem de agrados" que possiblita uma resolução salutar dos problemas, que atinge os objetivos definidos sem se mostrar muito nociva para o solucionador. 

Aqui vai um exemplo de eliminação de "ramos" da árvore lógica, baseado no primeiro exemplo apresentado, ainda no capítulo 1:



Um procedimento muito importante que é incluído no capítulo é a eliminação de caminhos de soluções pouco viáveis para o personagem. Caminhos lógicos inteiros são excluídos, por inúmeras razões que levam à inviabilidade (por exemplo, falta de tempo) . O processo é crucial para a resolução de problemas por uma razão simples: ele define, efetivamente, o que pode ou não ser feito na árvore lógica da resolução do problema. Após a delimitação de estratégias viáveis (vender produtos de casa, passear com cachorros, reduzir gastos com produtos e atividades que podem eventualmente ser consideradas supérfluas) e eliminação dos caminhos lógicos que são inviáveis (tais como pedir dinheiro, cortar o tempo dedicado aos estudos, cortar gastos com itens de consumo que o personagem considera essenciais ou até mesmo adotar um emprego que o personagem não possui técnica ou simplesmente não possui tempo o suficiente na rotina para a execução), o personagem pode simplesmente passar direto à ação e avaliar seus resultados (por exemplo, através de uma medida que permita observar a "ravina" entre a meta estabelecida e a condição atual do projeto, como também sugerido pelo autor). A eliminação dos elementos supérfluos na árvore permite observar claramente na representação gráfica quais são os objetivos imediatos necessários para a efetiva conquista do objetivo, ao mesmo tempo em que a ferramenta de controle sugerida permite o monitoramento de quanto tempo e esforço ainda são necessários para a realização da tarefa. O final do capítulo, como todos os demais, apresenta o personagem principal finalmente alcançando o objetivo inicial: a compra do computador que é necessário para o trabalho e os estudos na área de computação gráfica.

Introdução - Capítulo 4

O capítulo 4 também apresenta um modelo "ideal" como os demais, mas inclui um elemento essencial e já comentado para a resolução de problemas: a pesquisa a respeito de todas as variáveis que irão desempenhar um papel importante na conquista das metas estabelecidas. Através das matrizes de "prós" e "contras", o leitor pode aprimorar seu processo de decisão para atingir seus objetivos – com o uso do processo de pesquisa de informações sugerido, possível tornar a resolução de problemas ainda mais precisa e eficaz. A crítica mais evidente que se pode fazer ao modelo sugerido é que ele é, em primeiro lugar, demasiado ideal. Em segundo plano, mas não menos importante, ficaria a consideração a respeito de contingências (que, para o caso discutido, são inúmeras, em se tratando de estudos em um país estrangeiro) mas, ainda assim, considerando os objetivos do livro – ser um manual para simplificação e resolução de problemas -, as situações discutidas satisfazem o objetivo de oferecerem objetivos simples e diretos para os processos que o autor deseja discutir/sugerir. 

O sistema de "prós" e "contras" proposto pelo autor com certeza é uma das ferramentas mais úteis para a "limpeza" da árvore lógica, uma vez que também permite ver com clareza as prioridades em cada situação. O sistema de pesos possibilita "refinar" o processo de tomada de decisões – enquanto , no capítulo anterior foi estabelecido um método que pode reduzir a complexidade do processo, neste, o autor cria uma ferrmenta que aumenta um pouco a complexidade mais dá ao solucionador de problemas uma visão mais clara dos meios necessários para a conquista de suas metas. O método de pesquisa permite que o leitor desenvolva um processo de análise crítica que é essencial, do ponto de vista de um estudante de administração, para a função "planejamento" – uma visão estratégica, de visão (por exemplo, de uma organização, e com dados e objetivos bem específicos claramente definidos). No caso em discussão, a personagem não busca simplesmente "qualquer" instituição – ela busca aquela que propiciará as melhores oportunidades para a prática do futebol, com desafios que permitirão a ela crescer muito mais durante os seus estudos (jogando no time futebol da escola) mas que permitirá a ela também ter um contato muito maior com os docentes da instituição, que facilitará todo o processo de treinamento. Simultaneamente, o estudo em uma instituição com um número maior de estudantes provenientes da própria Itália irá favorecer o aprendizado do idioma estrangeiro, de modo que todo o período de estudos da protagonista também se tornará efetivamente uma experiência de intercâmbio produtiva (como já visto, associada a todos os benefícios pedagógicos já vistos para a prática do futebol). 

O que este capítulo oferece de mais útil é a possibilidade de o leitor desenvolver seu senso crítico para com as suas próprias decisoes, e aplicá-lo na elaboração de suas próprias árvores lógicas, de forma que todo o processo de tomada de decisões para a solução de problemas seja refinado. Como visto, uma decisão tomada com poucas informações pode não apresentar os melhores resultados possíveis. Isto torna claro que um processo aprofundado e especilizado de busca por informações é absolutamente necessário para qualquer resolução de problemas maiores e mais complexos, e o exemplo escolhido (de uma aluna que deseja ingressar em uma instituição de treinamento de futebol para jovens) demonstra exatamente o tipo de situação complexa, com muitas variáveis, que exige uma análise mais pausada para a satisfatória obtenção dos resultados desejados. 

Resumo - Capítulo 4 (último)

Neste capítulo o autor se dedica a avaliar os mecanismos de análise de cada elemento em uma árvore lógica conforme um sistema simples mas eficaz de medir critérios de "prós" e "contras" (que permite excluir hipóteses de resolução de problemas que podem ser menos eficazes), bem como sistemas de estabelecer com clareza quais são esses "prós" e "contras" – como métodos de "pesquisa" que permitam obter essas informações. Para mostrar todos esses processos, o autor utiliza o caso de uma menina que deseja se tornar uma jogadora de futebol profissional, e que para isso pretende ingressar em uma escola de futebol na Itália, mas que terá de enfrentar alguns problemas para isso: não possui recursos suficientes para a meta, e não sabe exatamente qual das escolas italianas é a que mais se adequa a seus objetivos – ela quer, por um lado, ter a oportunidade de praticar um idioma estrangeiro (como o italiano) e, por outro, quer poder efetivamente jogar no time titular da escola, para ser forçada a jogar com mais frequência e se tornar rapidamente uma jogadora de talento. 

Após uma avaliação inicial de duas hipóteses consideradas por ela – uma escola situada na cidade de Milão, na qual a jovem pretende morar, e uma escola situada distante da mesma cidade -, a menina passa a ter uma imagem clara de qual oferece mais benefícios que prejuízos. A escola situada na cidade de Milão não apenas fica onde a protagonista quer morar, mas também é mais barata e já possui muitos estudantes de seu próprio país, com os quais poderá interagir sem grandes obstáculos culturais. Por outro lado, a escola localizada distante de Milão é mais cara e a maioria dos seus alunos é de origem italiana – nem mesmo o site da instituição parece acessível para estrangeiros. A princípio, a escolha mais simples seria precisamente pela escola de Milão – aqui entram em jogo os métodos de análises e levantamento de "prós" e "contras" propostos pelo autor. Em primeiro lugar, ele sugere que seja estabelecido um sistema de pesos para cada elemento buscado nas soluções pensadas: o caso discutido estabeleceu preços diferentes para os critérios "localidade da escola", "preço", "possibilidade de aprender o italiano" e "possibilidade de crescimento como jogadora de futebol". Essa matriz de pesos para cada hipótese fez a personagem se questionar se, de fato, a escola situada seria a melhor, em primeiro lugar, pelo simples fato de que a grande quantidade de alunos provenientes de seu próprio país de origem iria prejudicá-la em seu aprendizado do idioma italiano e projeto simultâneo de intercâmbio cultural. Ao mesmo tempo, ela se quesiona se não teria estipulado um peso demasiado exagerado para o critério "localização", que já não parece tão importante para a solução do problema. 

Exemplo do sistema de pesos (como feito no capítulo 1, para uma pessoa que deseja trabalhar fora do país):



Após a reflexão sobre estas variáveis, a personagem decide avaliar com mais cuidado também quais serão os critérios mais importantes para estabelecer qual das duas escolas oferecerá melhores oportunidades para o crescimento na prática do futebol. A personagem, a princípio, simplesmente não pode avaliar estes fatores porque não possui informações o suficiente a respeito das duas escolas para julgar com pecisão. Outro problema em jogo é estabelecer formas de obter recursos para a escola que colocou como "segunda opção" (a escola distante de Milão), porque esta é sensivelmente mais cara do que a escola localizada na cidade. O autor sugere que se estabeleça uma pequena matriz com procedimentos simples a tomar para a obtenção de cada uma das informações que permitirá fazer a ponderação dos "prós" e dos "contras", como, por exemplo, definir a quem perguntar a respeito das instituições, ou determinar que serão enviadas mensagens para cada uma delas para coletar informações sobre o número de estudantes de cada nacionalidade, ou ainda estabelecer formas de pesquisar por bolsas de estudos para a instituição mais cara (mas, potencialmente com mais benefícios que os estimados a princípio). 

Após uma breve reflexão sobre o tema, a personagem decide contactar seu treinador de futebol a respeito do assunto. O professor fica animado com a iniciativa apresentada por ela, e decide buscar um professor italiano que conhece para que passe todas as informações necessárias para a personagem. O professor italiano, por sua vez, comunica um fato que se mostra de suma importânica para o caso, e que foi ignorado nas primeiras matrizes de "prós" e "contras": a escola mais distante da cidade de Milão dá a todos os seus alunos a oportunidade de jogar com frequência no time principal, ao passo que o time da escola da cidade de Milão (que seria a escolha mais clara, inicialmente) raramente permite que alunos iniciantes o façam, o que não permite grandes oportunidades de crescimento na prática do futebol. O professor também comenta a respeito da interação entre os professores das duas instituições e os alunos, sugerindo ainda um segundo fator de grande importância: aparentemente, os professores da escola da cidade de Milão são "estrelas", que possuem muito pouco contato com os alunos, o que prejudica muito o aprendizado – já os professores da escola mais distante da cidade estão sempre em contato com seus alunos/jogadores, o que por aprimorar enormemente o treinamento e o crescimento da personagem. 

Esta conjugação de fatores faz com que a personagem seja forçada a reformular completamente sua árvore lógica e suas matrizes de "prós" e "contras" anteriores": com o processo de busca aprofundada de informações, ficou claro que sua avaliação inicial das hipóteses de solução do problema estavam erradas. Em primeiro lugar, foi identificado um peso excessivo dado à variável "localização" da escola de futebol, o que precisa ser corrigido nas ferramentas. O fator "possibilidade de crescimento através de intercâmbio cultural e aprendizado da língua italiana" também passa a desempenhar um papel muito maior, o que naturalmente faz com que a hipótese inicialmente considerada desfavorável ganhe vulto. Mais importantes que esses dois elementos são: a interação dos professores com os alunos/futuros jogadores, que é crucial para o aprendizado, bem como a possibilidade de jogar no time principal da escola, que fará a pressão necessária sobre os estudantes que é requerida para o crescimento na prática do futebol. Nas duas "categorias", a escola que inicialmente foi considerada desvantajosa passou a ser vista como a melhor possível, e precisamente no critério que mais é importante para a personagem: jogar um futebol melhor, uma vez que ela tem por objetivo se tornar, um dia, uma jogadora profissional. Todavia, apesar das reflexões sobre todos esses elementos, ainda é necessário discutir uma "etapa" absolutamente necessária para a resolução do problema: já que a escolha da melhor escola pendeu para a instituição distante de Milão, que é mais cara, é necessário encontrar um meio de obter os recursos necessários para arcar com estes custos 

A pincípio, a personagem não poderia custear essa escolha. Todavia, como já discutido, foi sugerida uma pesquisa a respeito de formas de financiamento e bolsas de estudos para alunos estrangeiros, o que motiva a protagonista a enviar mensagens para ambas as escolas. A princípio, entre as duas, a única que conta com um programa de bolsas de estudos para alunos estrangeiros é a escola de Milão (a escolha que foi deixada de lado após a consideração da matriz de "prós" e "contras" final). Todavia, como a escola mais distante é infinitamente mais adequada aos objetivos da personagem, a protagonista decide perguntar a seu professor de futebol a respeito de instituições que paguem bolsas de estudo para alunos de futebol. O professor diz possuir uma solução para o problema, e, após um breve período de tempo contacta a aluna com uma resposta positiva: há uma organização (já previamente interessada em patrocinar a personagem) que está interessada em pagar os custos do treinamento na Itália, na escola escolhida após todo o processo de avaliação de "prós" e "contras". Dessa forma, a aluna consegue efetivamente solucionar todos os problemas e completar uma etapa essencial em seu plano de se tornar uma jogadora de futebol profissional.